Na intenção de caminhar junto com os sambistas capixabas, o Capixabices apresentará aos leitores os candidatos a vereador e vereadora que são diretamente ligados ao universo do Carnaval. Afinal, não é segredo que temos diversos nomes que ajudam as escolas, Ligas, baterias, alas e etc, e que contribuem muito para construção da nossa festa. As 10 questões são iguais para os candidatos.
Conheça a candidata a vereadora Karla Coser do Partido dos Trabalhadores (PT).
1 – Como você enxerga o momento atual dos desfiles das escolas de samba?
Acho que estamos no melhor momento da história do carnaval de Vitória. E aqui faço questão de ressaltar que foi a gestão do ex-prefeito João Coser, que fez a reforma integral do Sambão do Povo e colocou o desfile das nossas escolas de samba no cenário nacional, além de ter criado o slogan “o carnaval do Brasil começa aqui” que até hoje é usado. O que temos hoje é fruto do trabalho contínuo de gestões anteriores, que investiram no desfile das escolas de samba e deram base para que a gente tivesse condições de disputar com o Rio de Janeiro, com São Paulo e com o Brasil inteiro. Mas isso não significa que é suficiente. As escolas precisam de ainda mais investimento, como na estrutura do Sambão, que já é boa, mas que precisa ser melhorada, principalmente quando se trata da concentração e dispersão das escolas, além de ofertar capacitação e qualificação para os profissionais que estão o ano todo trabalhando.
2 – Se eleita, como pretende contribuir para o crescimento dos desfiles?
É preciso esclarecer que essa é uma responsabilidade prioritariamente do executivo, mas acredito que nossa função, enquanto legislativo, seja cobrar e garantir que as Secretarias de Cultura e de Desenvolvimento, tenham recursos para o Carnaval. Um recurso que, como sempre repito, não é gasto, é investimento. Investimento em cultura, em geração de emprego e renda e no crescimento dos desfiles. E assim como fiz no meu mandato nesses quatro anos, continuarei cobrando para que as escolas recebam esses recursos, com a responsabilidade e o trabalho de fiscalizar e cobrar transparência tanto do executivo quanto da Liga, em como esses recursos estão sendo empenhados.
3 – Ainda existe uma disparidade visual entre as escolas de sexta, sábado e domingo. Caso eleita, o que será feito para elevar o nível dos desfiles do Acesso?
Essa é uma pergunta que diz mais sobre ações do executivo do que propriamente do legislativo, mas reitero a cobrança de que todo o carnaval de Vitória precisa e merece ser assistido pelo poder público. O que precisa acontecer é a elaboração de um planejamento pensado para as escolas dos grupos de acesso A e B. Temos visto uma melhora no grupo A, sendo uma disputa muito acirrada, inclusive, e uma carência muito grande no grupo de acesso B. Desta maneira, acredito que seja fundamental garantir o mínimo de investimento para que as escolas desses grupos tenham estrutura para chegarem ao Sambão do Povo. Enquanto vereadora, seguirei fazendo essa cobrança.
4 – A Cidade do Samba Capixaba já é uma realidade. Após a entrega da obra pronta, como fomentar ainda mais a cultura das escolas de samba no município?
Acho que antes de tudo, preciso reforçar a necessidade de que aquele espaço precisa ser construído ouvindo as comunidades que serão impactadas e que vão usufruir dele. Essa não pode ser só uma obra que o prefeito quer entregar e colocar uma placa com o nome dele, algo comum dessa gestão. Sendo assim, é importante que a Cidade do Samba seja um espaço que gere renda para as escolas o ano todo. Que tenha espaço para os barracões, para a confecção das alegorias, mas também para que as feijoadas aconteçam lá com estrutura adequada, que sejam espaços que entrem na rota do turismo do município, enfim, para que a vida do nosso carnaval aconteça naquele espaço.
5 – Qual sua escola do coração? E por quê?
Costumo brincar que eu sou de todas as escolas! Apesar de ter um carinho muito grande pela Jucutuquara, que foi a primeira escola que desfilei, acho que lá em 2004/05 e pela Piedade, que fui destaque em um carro, e foi uma grande honra e emoção! Mas eu também já saí no Pega no Samba, na Chega Mais, até na Independentes de São Torquato, lá de Vila Velha. Eu realmente tenho um carinho muito grande pelas escolas de Vitória, então para mim é difícil escolher uma só e todas estão no meu coração de alguma forma.

6 – Na sua visão, o que ainda precisa ser feito nos arredores do Sambão do Povo para o crescimento dos desfiles?
Eu acho que precisamos pensar em uma reurbanização de todo o entorno do Sambão, o tornando de fato, o Complexo Cultural Walmor Miranda. Uma obra de requalificação da orla que fica atrás das arquibancadas e no corredor atrás dos camarotes, que garanta acessibilidade, iluminação adequada, lixeiras e coletores para que os resíduos não sejam despejados na maré, a interlocução entres os demais equipamentos culturais que estão localizados na região, mas, principalmente, o planejamento com o trânsito.
7 – Como você enxerga as ações feitas pelas agremiações no decorrer do ano, que vão além dos desfiles de fevereiro.
Eu acho que é muito importante essa movimentação. Sinto falta de uma coisa de que quando o João era prefeito, que eram os ensaios das escolas no pré-carnaval. Eram eventos enormes que movimentavam e geravam muita renda para as escolas. A gente não quer fazer carnaval só em janeiro e fevereiro, a gente quer fazer carnaval o ano todo, então esses momentos são muito importantes de presença, de conexão. E o que eu acho mais bacana é que pessoas de outras escolas também participam das feijoadas uns dos outros para prestigiar, isso mostra que apesar da disputa é uma relação de cordialidade. São de fato coirmãs!
8 – Como podemos pensar a cidade nos dias de carnaval oficial?
O carnaval oficial é uma das minhas paixões. O nosso mandato defendeu muito o desfile dos blocos de carnaval, principalmente o do centro de Vitória e nesse ponto específico a cidade de Vitória precisa melhorar muito. O carnaval de rua está com proporções gigantescas, levando mais de 100 mil pessoas para rua e a gente não tem estrutura para isso ainda, é preciso transformar e dar a profissionalização para o carnaval de rua, como foi feito com os desfiles das escolas de samba. É preciso garantir o recurso para os blocos de maneira adiantada, para que eles tenham uma estrutura e possam garantir uma festa ainda mais linda do que a que fizemos nos últimos anos. Isso passa por também garantir a limpeza das vias; garantir a ordem depois das 23h, mas sem violência, como infelizmente aconteceu esse ano. E isso também passa pela prefeitura criar outros locais e outros momentos de diversão para que as pessoas tenham o que fazer nos dias de carnaval, como acontece no Brasil afora. É inaceitável achar que faz sentido terminar o carnaval dos blocos 18h sem uma programação para a cidade, né?

9 – Como aprimorar a distribuição de recursos de maneira que as escolas possam construir o Carnaval de março a fevereiro?
Acho que o primordial é garantir que o recurso não chegue em cima da hora, para que as escolas tenham condições de se organizar financeiramente e não ficarem com grandes dívidas para os anos seguintes. Como o recurso sempre chega depois do carnaval, as escolas acabam pagando mais caro em coisas que, se houvesse dinheiro em caixa, não teriam que fazer dívidas quase que impagáveis e que ficam de um ano para outro.
10 – Como pensar em um processo de formação para trabalhadores do carnaval? (Aderecistas, ferreiros, costureiras e etc)
Primeiro de tudo, isso precisa ser prioridade de quem governa e na política nós sabemos que só é prioridade o que está no orçamento! Então, garantir que tenhamos recursos disponíveis para a execução desses projetos é um primeiro passo para garantir a manutenção do nosso carnaval. Por outro lado, repito, é preciso que o Complexo Cultural Walmor Miranda, seja de fato um complexo que gere cultura, emprego e renda aos seus profissionais. O Sambão do Povo e seu entorno devem servir às atividades voltadas ao carnaval de Vitória durante todo o ano e não é algo difícil de se fazer, é possível através da própria PMV e também com parcerias no setor privado, isso tudo envolvendo as escolas e suas comunidades.