Na intenção de caminhar junto com os sambistas capixabas, o Capixabices apresentará aos leitores os candidatos a vereador e vereadora que são diretamente ligados ao universo do Carnaval. Afinal, não é segredo que temos diversos nomes que ajudam as escolas, Ligas, baterias, alas e etc, e que contribuem muito para construção da nossa festa. As 10 questões são iguais para os candidatos.
Conheça o candidato a vereador Anderson Goggi, do Partido Progressistas (PP).
1 – Como você enxerga o momento atual dos desfiles das escolas de samba?
Acredito que os desfiles do Carnaval de Vitória continuam em uma constante evolução, crescendo ano a ano, e com as agremiações entregando um espetáculo cada vez maior. Além disso, a Liga das escolas de samba vem buscando junto ao poder público e ao setor privado parcerias que levaram inovação ao Sambão do Povo, palco do nosso carnaval. Ainda assim, confio que precisamos focar em dois pontos fundamentais para um crescimento ainda maior de nosso carnaval: a profissionalização da mão de obra e uma maior independência financeira das escolas de samba.
2 – Se eleito, como pretende contribuir para o crescimento dos desfiles?
Como venho contribuindo ao longo de todo nosso mandato. Sou um vereador em primeiro mandato e a voz do samba no plenário da Câmara de Vitória. Os presidentes sabem, os sambistas também, e principalmente os vereadores. Toda vez que há um ataque contra a cultura carnavalesca e o desfile das escolas de samba, seja por preconceito ou desconhecimento, minha voz se eleva para falar dos benefícios do carnaval para a comunidade e o quanto ele representa em emprego e renda. A maior prova disso é que, a partir de dois projetos do meu mandato, transformei a “Descida da Unidos da Piedade” e o “Arrastão do Novo Império”, datas oficiais no calendário da cidade. Além disso, buscamos junto ao executivo um reajuste dos valores pagos aos interpretes e compositores, algo estagnado há muitos anos. Sem falar, é claro, naquela que considero a maior vitória de todos: o projeto da Cidade do Samba, que dialogamos inúmeras vezes junto as agremiações, as Ligas das Escolas de Samba e a prefeitura e seus secretários. É assim que pretendo continuar contribuindo, sendo uma voz firme e forte para defender as escolas de samba e o que elas representam.
3 – Ainda existe uma disparidade visual entre as escolas de sexta, sábado e domingo. Caso eleito, o que será feito para elevar o nível dos desfiles do Acesso?
Sempre estamos em diálogo com os presidentes das agremiações, sambistas e o executivo de nossa cidade sobre os desfiles. Já ajudei algumas escolas nesse sentido, mas sabemos que as dificuldades são enormes nos grupos de acesso. A verba é pouca, há escassez de mão de obra e o custo alto demais. Mas confesso que não dá para tentar equipar os três grupos, uma vez que, assim como em todos os Estados, há uma disparidade. Mas como forma de reduzir essa diferença, reforço a necessidade de gestões mais profissionais, mais organizadas e menos dependentes do Poder Público. A primeira, e principal ação, deve ocorrer de dentro para fora, e assim, a partir da ajuda da Câmara de Vitória, da Prefeitura, Governo do Estado e parceiros, pretendo ajudar a recuperar a credibilidade das agremiações para um crescimento constante.
4 – A Cidade do Samba Capixaba já é uma realidade. Após a entrega da obra pronta, como fomentar ainda mais a cultura das escolas de samba no município?
Participamos desde o primeiro dia de nosso mandato da construção desse projeto tão importante para nosso carnaval e que deverá fazer nossas escolas alcançarem voos ainda maiores. Um dos principais pontos para fomentar ainda mais a cultura das escolas de samba é a sua maior participação dos eventos de nossa cidade, que percorrem, anualmente, pontos turísticos e nossas comunidades. Mas com profissionalismo, com grupos de apresentação que representem a cultura carnavalesca, com foco em “vender a marca”, vender a importância e a qualidade daquele pavilhão. Dessa forma, mais pessoas vão ter acesso a importância cultural do Carnaval Capixaba, se maravilhar com o que produzimos e, assim, como todos nós, querer cada vez mais participar e ajudar. Com isso, pretendo aumentar o diálogo com a Secretaria de Cultura de nossa cidade e do Estado para tornar isso uma realidade.
5 – Qual sua escola do coração? E por que?
Minha escola de coração é a Novo Império, pois sou nascido e criado na região do Caratoíra e na Grande Santo Antônio. Mas sou um entusiasta do carnaval, amo o espetáculo e frequento várias escolas ao longo do ano. Mas, para ser sincero, venho ajudando mais de perto a Imperatriz do Forte, uma escola de muito chão, de pessoas aguerridas, mas que vem buscando se reestruturar, ano a ano, para manter um padrão de qualidade no nível do Grupo Especial, algo merecido para uma agremiação tão tradicional.
6 – Na sua visão, o que ainda precisa ser feito nos arredores do Sambão do Povo para o crescimento dos desfiles?
O primeiro ponto que devemos evoluir é em relação a dispersão do Sambão do Povo, um problema recorrente em nosso carnaval. A área de dispersão não está em sintonia com o crescimento do nosso carnaval, ocasionando problemas para as próprias escolas de samba e também aos moradores da região. Temos que fazer um estudo, o quanto antes, para minimizar ou zerar os problemas neste setor. Outra questão que vamos buscar melhorar é a acessibilidade em todo o Sambão do Povo e na busca por uma reforma das arquibancadas, dando assim mais segurança e conforto aos sambistas e amantes do nosso carnaval.
7 – Como você enxerga as ações feitas pelas agremiações no decorrer do ano, que vão além dos desfiles de fevereiro.
Vejo de forma positiva! Com os eventos que realizam, como feijoadas, disputas de samba e ensaios, movimentam a comunidade e captam recursos que são utilizados no carnaval. Isso é fundamental. Por isso sou defensor de que as escolas busquem cada vez mais o profissionalismo em todos os seus segmentos, para serem cada vez menos dependentes do Poder Público e sustentáveis. Dessa forma, o crescimento do carnaval acontecerá de forma natural, ganhando cada vez mais respeito e credibilidade do setor privado, um parceiro importante no desenvolvimento profissional e econômico de qualquer escola de samba.
8 – Como podemos pensar a cidade nos dias de carnaval oficial?
Destaco que o Sambão do Povo, já palco do Vital e dos Desfiles das Escolas de Samba, deve ter melhor utilizado no Carnaval Oficial. Lá há estrutura para impactar menos na mobilidade da cidade com qualidade e boa estrutura. Outro ponto que vou buscar trazer de volta para nossa realidade são os tradicionais bailes e blocos, em vários pontos da cidade. As pessoas têm saudade disso, é combina demais com o charme de nossa cidade. Agora um ponto importante. Vitória é linda, mas se vende mal turisticamente. Um dos meus projetos é exatamente sobre isso, um calendário no carnaval oficial que levará para pontos turísticos, e nossas praias, palcos e shows de samba, com artistas locais e também nacionais. Temos que colocar Vitória como um dos melhores carnavais do Brasil, e temos condições disso!
9 – Como aprimorar a distribuição de recursos de maneira que as escolas possam construir o Carnaval de março a fevereiro?
Hoje nosso mandato já trabalha na busca da antecipação das verbas para facilitar o poder de compra das agremiações e a construção do carnaval, e as emendas parlamentares, que ajudamos a tornar realidade, é prova disso. Também trabalhamos para um maior profissionalismo das agremiações, no aumento das parcerias privadas, na independência financeira e no maior comprometimento com a comunidade na qual está inserida. Essa troca é fundamental para o crescimento do nosso carnaval, que está cada vez mais dispendioso. As escolas precisam aprender a criar mecanismos de renda, somente após isso haverá uma unidade cada vez maior entre elas.
10 – Como pensar em um processo de formação para trabalhadores do carnaval? (Aderecistas, ferreiros, costureiras e etc)
Esse é um dos pontos fundamentais quando penso no Carnaval de Vitória. E já fiz diversas discussões sobre o tema com os presidentes, sambistas, Ligas e no plenário da Câmara de Vitória. O Sambão do Povo é muito mal utilizado ao longo do ano. Precisamos movimentar aquele espaço. Precisamos levar capacitação para criar novos profissionais do carnaval. Tenho certeza que, com isso, não precisaremos buscar mão de obra qualificada em outros Estados. Mas, por outro lado, as agremiações devem ter responsabilidade social e econômica sobre essa mão de obra, valorizando o trabalho e, principalmente, honrando os pagamentos que colocam comida na casa de centenas de famílias que trabalham para as escolas de samba. Por isso reforço, o profissionalismo deve estar inserido na gestão das escolas de samba, na formação de novos sambistas, de novos profissionais e nas parcerias público-privadas. E com ela, os números de empregos e renda voltados a construção dos desfiles aumentará e, com ela, a qualidade de vida em nossas comunidades. Pega a visão!