Dos desfiles que foram vistos na noite de apresentações das escolas do Grupo Especial, 4 se destacaram: MUG, Boa Vista, Chegou e Jucutuquara.
Buscando o bicampeonato, a vermelho e branco soube contar muito bem a história de Homero Massena, desde a comissão de frente – sem tripé – com o pequeno ainda conhecendo as cores, passando pela trajetória de vida do pintor jovem, às grandes pinturas deixadas por ele no decorrer da vida. Foi um desfile que evidenciou mais uma vez o poderio financeiro e organizacional da escola. E com todas as características já conhecidas de Petterson Alves: abre-alas gigantesco, cores vibrantes, leituras clara e objetiva. Na parte musical, uma noite inspiradíssima de João Henrique, Lucas Massariol, e toda Pura Ousadia. Bossas executadas com perfeição e com grau alto de dificuldade. Ricardinho da MUG mostrou o porque de ainda ser considerado um dos maiores do ES, numa excelente apresentação.
Homenageando o município de Viana, a tricolor de Cariacica exibiu um belíssimo conjunto de alegorias, fantasias bem acabadas e de boa leitura. O samba que já chamava atenção positivamente desde o pré-carnaval, foi outro ponto alto e foi interpretado com maestria por Emerson Xumbrega estava sendo cantado por grande parte dos componentes, garantindo boas notas no quesito harmonia. Plasticamente, Robson Goulart e Cahê Rodrigues conduziram muito bem o desfile. Bateria Águia Furiosa de mestre Gustavo manteve a regularidade de sempre com uma apresentação segura, criativa, e pensando sempre na cadência do samba para conforto dos componentes que vão cantar.
A Chegou O Que Faltava mostrou que não existe fórmula mágica para construir grandes carnavais. E sim, uma boa administração e contratações de peso para produção de um desfile. Jorge e Mayko e Vanderson Cesar exibiram na noite deste sábado o maior e mais bonito desfile desde o início da dupla, homenageando o Glória. E a tricolor, o maior de toda sua história. A parte harmônica da Chegou foi um dos destaques positivos com uma atuação magnífica do intérprete Igor Vianna, ao lado dos estreantes no comando da Ritmo Nervoso, Jorge Borges e Alcino. É muito provável que bateria da Chegou volte a gabaritar depois de um 2023 para ser esquecido.
O único quesito que deve despontuar a escola é evolução. Grandes espaços foram vistos, principalmente na segunda e terceira cabine. Em alguns momentos a escola correu e buracos se formaram. Numa disputa acirrada e nivelada pra cima, esses décimos são preciosos.
A Unidos de Jucutuquara tem mostrado nos últimos anos que quer muito reencontrar os tempos áureos da coruja onde permanecia sempre no topo do pódio. Mais uma vez, sob comando do carnavalesco Osvaldo Garcia, fomos presenteados com um excelente enredo, luxuosas fantasias e alegorias grandiosas. Dividida em vários atos e com um enorme tripé, que era utilizado o tempo todo, a comissão foi um dos destaques positivos. Conduzida por Patrick Alochio, os 26 bailarinos contavam a história através de atos e apresentavam o início da filosofia budista para o público e jurados. Com um samba melodioso nas mãos, Danilo Cezar e seu carro de som se destacaram na forma que conduziram. Ficou evidente que a parceria com mestre Glaydson e a Bateria da Nação tem funcionado, que estão todos entrosados e que a nota máxima deve ser alcançada nos quesitos musicais. Apesar de ter feito um desfile que vai brigar pelas primeiras posições, a Jucutuquara também passou por problemas de evolução e deverá ser despontuado. Assim como no ensaio técnico, a escola ‘sanfonou’ e abriu espaços evidentes bem próximo as cabines, e também foi possível ver algumas alas sendo aceleradas pelos diretores fazendo com que a escola corresse.
Novo Imperio e Unidos da Piedade fizeram bons desfiles, porém, numa prateleira abaixo das mencionadas acima. Com o enredo sobre Barra de São Francisco, o destaque da Novo Império fica por conta da Orquestra Capixaba de Percussão que parece ter reencontrado o caminho da nota 10. Noite de gala de mestre Glê, seus diretores e ritmistas. Outro destaque fica para Celso Jr e Vinicius Moraes que souberam interpretar com emoção – de imperianos que são – o samba-enredo da escola.
A Unidos da Piedade contou a história de seu território. Com um dos melhores sambas do ano, Kleber Simpatia, Luiz Felipe e Ritmo Forte fizeram uma boa apresentação e foram um dos destaques positivos da escola. Em momento de reestruturação, a Mais Querida fez um desfile importante para se reconectar com seu povo. Apesar da grandiosidade nos carros e fantasias de fácil leitura, uma característica do excelente carnavalesco Wagner Gonçalves, ainda não será dessa vez que a escola vai quebrar o jejum de títulos. Mas, fica evidente o crescimento positivo da escola na forma de construir carnaval, graças ao presidente Jocelino e seus diretores.
O Pega no Samba, que recém voltou ao Grupo Especial, deve ser rebaixado novamente para o Grupo de Acesso A. Visivelmente a agremiação passou por dificuldades na construção de suas alegorias. Apenas a primeira tinha características da elite do Carnaval Capixaba, as demais precisavam de mais capricho. As belas fantasias que foram apresentadas no lançamento do protótipo passaram por mudanças na fase de reprodução e também podem sofrer perda de notas no dia da apuração.
Apesar das dificuldades, a Locomotiva fez uma boa apresentação para o samba conduzido por Thiago Brito. Desde a contratação do intérprete, ele e seu carro de som se destacaram em ensaios e shows, e não foi diferente na hora do desfile.
A apuração das notas acontecerá na próxima quarta-feira, às 16h30.