A Liesge anunciou na última semana algumas mudanças regulamentares que interferem diretamente na apresentação do espetáculo apresentado pelas escolas no Sambão do Povo. Em reunião com representantes das 7 agremiações que pertencem ao Grupo Especial, ficou definido em conjunto, que a partir de 2025, as alegorias poderão crescer mais 2 metros de altura. O limite que antes era de 9, passa para 11 metros.
A outra alteração é relacionada ao corpo julgador. Nos últimos anos, o Grupo Especial foi avaliado por jurados de outros estados, como RJ e SP. Em 2025, todos os 9 quesitos terão ao menos um jurado capixaba e dois do Rio de Janeiro. Assim como nos demais anos, a menor nota dentre as 3 será descartada.
Campeão por 5 vezes com a Mocidade Unida da Glória, em busca do primeiro tri para seu currículo e para a vermelho e branco, o artista Petterson Alves falou com o Capixabices sobre a mudança no corpo julgador.
“Parabenizo a Liga por essa ação em mirar os olhos para artistas capixabas. Afinal, os julgadores também são artistas, cada um no quesito avaliativo. Acredito na idoneidade dos capixabas que irão julgar, mesmo o nosso carnaval sendo construído por pessoas que participam e são diretamente ligadas a escolas, acredito na transparência. Com a ponte aérea Rio x Vitória, os julgadores daqui poderão ter oportunidade de aprendizado, fazer um laboratório com jurados do Carnaval Carioca. No futuro, podemos pensar em ter 100% dos julgadores locais. A palavra que define essa atitude da Liga é ‘confiança’. As escolas de samba estão dando um voto de confiança a pessoas gabaritadas, artistas conhecedores da arte chamada carnaval para fazer parte da banca avaliadora”.
Petterson completou dizendo que a atitude de crescer alegorias é válida, porém, veio um pouco tarde para escolas que já estão com suas estruturas definidas.
“É legal porque cresce o espetáculo. Quando levanto uma estrutura de 11 metros, automaticamente vou crescer minha alegoria em outros aspectos. Para 2025, acho que a decisão veio muito em cima da hora. Eu, por exemplo, já estou com parte do meu projeto pronto. Planta, planta baixa, esboço, tudo definido. Quando levanto uma alegoria tenho que pensar na estrutura que vou construir. Por exemplo: se vou construir um prédio de três andares, eu não posso depois que ele está pronto ter vontade de crescer mais dois andares. Essa é uma crítica construtiva. Regulamento do carnaval precisa ser revisto e modificado no primeiro semestre, no segundo as escolas já estão construindo o que vai pra avenida”, finalizou Petterson Alves.
Para Vanderson Cesar, da Chegou O Que Faltava, a mudança em relação ao limite de altura é bastante significativa e aponta um bom caminho para o Carnaval Capixaba.
“Acredito que tudo que traz mais liberdade para o artista tem a engrandecer o espetáculo. A não imposição de limites para o projeto artístico de uma escola de samba é importante para que tenhamos revoluções e novidades. Esse aumento é muito bem-vindo. Claro que isso interfere no projeto que já está em andamento, mas ainda consigo engrandecer o desfile da Chegou sem se preocupar tanto com o limite prévio que era de 9 metros”.
Sobre a inserção de 1 julgador capixaba em cada quesito, Vanderson também enxerga de maneira positiva, principalmente pensando a longo prazo.
“É um outro avanço para o nosso carnaval. Uma valorização para talvez futuramente pensar num corpo de jurados apenas do Espírito Santo. Que vão compreender e entender nossa festa, com nossas nuances e particularidades. E não julgar a nossa festa a partir do olhar de outros lugares do Brasil. Não que os jurados do RJ sejam ruins, pelo contrário, são muito bons e tem uma leitura positiva da nossa festa. Mas, nada melhor do que nós mesmos para entender nossa cultura, nossas especificidades enquanto entidades culturais que representam também a cultura do ES. Podemos começar a pensar em Vitória uma ‘Escola de Jurados’, assim como tem no RJ. É um caminho para no futuro ter um júri 100% daqui”, finalizou.
