Eleições 2024: Conheça a candidata a vereadora Ana Paula Rocha

Na intenção de caminhar junto com os sambistas capixabas, o Capixabices apresentará aos leitores os candidatos a vereador e vereadora que são diretamente ligados ao universo do Carnaval. Afinal, não é segredo que temos diversos nomes que ajudam as escolas, Ligas, baterias, alas e etc, e que contribuem muito para construção da nossa festa. As 10 questões são iguais para os candidatos.

Conheça a candidata a vereadora Ana Paula Rocha do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).

1 – Como você enxerga o momento atual dos desfiles das escolas de samba?
Estamos vivendo um momento de consolidação dos desfiles das escolas de samba, no ponto de vista artístico. Cada vez mais as escolas tem se empenhado para fazer um carnaval com beleza e envolvimento das comunidades. Entretanto, a estrutura dos desfiles no Sambão caminharam para distanciar o povo do espetáculo. A diminuição das arquibancadas em detrimento do aumento dos camarotes é a evidência disso. Representa o caráter empresarial ganhando mais espaço que o compromisso popular da festa.

2 – Se eleita, como pretende contribuir para o crescimento dos desfiles?
Vou lutar pela participação, ainda maior, do poder público no financiamento e construção dos desfiles, junto a proposição de políticas públicas para a subsistência das escolas de samba. Principalmente, considerando as escolas de Vitória, que em grande maioria não tem quadras.
Vou cobrar uma maior cooperação entre escolas e prefeitura para a utilização dos espaços públicos da cidade (praças, escolas municipais, centros culturais, ruas, etc.) para a realização das atividades das escolas de samba.
Lutar pela criação e melhoria das quadras das escolas de samba, ocupando espaços ociosos da cidade. E pressionar para a realização do projeto da Cidade do Samba. Já vimos esta promessa ser feita em outras gestões…

3 – Ainda existe uma disparidade visual entre as escolas de sexta, sábado e domingo. Caso eleita, o que será feito para elevar o nível dos desfiles do Acesso?
Primeira ação é buscar garantir na legislação municipal que os recursos públicos sejam destinados às escolas em tempo hábil para a realização dos desfiles. Permitindo um maior planejamento e tirando as escolas da armadilha da carta de crédito.
Lutar por uma agenda maior de eventos contemplando as escolas do grupo de acesso e blocos de rua, com financiamento público. Aproveitando a criação artística das nossas comunidades nas atividades culturais da cidade.

4 – A Cidade do Samba Capixaba já é uma realidade. Após a entrega da obra pronta, como fomentar ainda mais a cultura das escolas de samba no município?
Sabemos que os espaços culturais da cidade na gestão atual estão subutilizados. São prédios abertos, mas com pouco recurso e estrutura para a ação de seus gestores, sobrevivendo com a resistência dos próprios artistas. Exemplo disso é o MUCANE, que não realizou todos os editais de ocupação artística previstos na Lei Rubem Braga nesta gestão. A FAFI que respira sob aparelhos, sem estrutura mínima para a realização de seus cursos, a Casa Porto e o Museu do Pescador que também funcionam na precariedade, sem recursos. Ou mesmo o Mercado da Capixaba, demanda antiga dos moradores do Centro de Vitória, que vai ser inaugurado com pouca participação e debate com quem faz cultura aqui na nossa ilha. Nosso compromisso é cobrar da Prefeitura para que a Cidade do Samba seja entregue com celeridade, com uma gestão participativa e orçamento para a realização de suas atividades, que devem ser para além dos desfiles de carnaval.

5 – Qual sua escola do coração? E por quê?
A mais querida! Uma paixão inexplicável, mas que faz parte de toda família. Meu pai, Isaias Santana, é presidente da velha guarda, minha mãe, Maria da Penha, é baiana. Winny, meu irmão é coreógrafo. Hoje faço parte da diretoria da escola. Ainda tem a memória do meu irmão, Lula Rocha, que tocava com muito amor e paixão na Ritmo Forte. Sempre desfilei e ajudei a colocar, mesmo no perrengue, a Unidos da Piedade na avenida.

6 – Na sua visão, o que ainda precisa ser feito nos arredores do Sambão do Povo para o crescimento dos desfiles?
Primeiro é considerar que a festa não acontece somente dentro do Sambódromo. O público que não entra é igual ou maior, e tem que ser garantida a estrutura mínima para aproveitarem a festa com conforto e segurança. Também tem que ser pensada modificações estruturais para a concentração e dispersão dos componentes e alegorias, considerando inclusive com a desapropriação/aquisição dos terrenos que hoje já são utilizados para a montagem do carnaval no dia dos desfiles.
E pensar uma engenharia e organização para o retorno dos desfilantes alternativa ao corredor minúsculo ao lado dos camarotes.

7 – Como você enxerga as ações feitas pelas agremiações no decorrer do ano, que vão além dos desfiles de fevereiro.
Carnaval é muito mais do que o desfile. Ter muito bom ver nossas comunidades aquilombadas, nossos jovens e crianças aprendendo e desenvolvendo nossa cultura aos lado das mais velhas e mais velhos, artistas criando suas poéticas e discursos visuais e rítmicos. Isto é a maior riqueza das Escolas de Samba.
Ensaios, festas, paneladas, reuniões, projetos, ações comunitários, e a própria criação dos desfiles, são a perpetuação dos nossos saberes civilizatórios africanos aqui em Vitória.

8 – Como podemos pensar a cidade nos dias de carnaval oficial?
Atualmente não existe nenhum planejamento prévio para o carnaval oficial em Vitória. Tudo é feito às pressas pela Prefeitura a partir da pressão dos foliões e toda sociedade.
Eu participo ativamente da luta pelo carnaval, na resistência com o Bloco Afro Kizomba. O diálogo do poder público é horrível. E lamentavelmente assistimos cenas como a ação da polícia nos últimos carnavais no Centro de Vitória.
É preciso criar um instrumento institucional para que o carnaval de rua e outras expressões do culturais da cidade estejam garantidos, acima da vontade política de quem está ocupando o cargo de Prefeito(a).

9 – Como aprimorar a distribuição de recursos de maneira que as escolas possam construir o Carnaval de março a fevereiro?
Temos garantir na legislação municipal que os recursos públicos cheguem para as escolas em tempo hábil para a realização do carnaval. Aumentar a participação das escolas de samba na agenda de eventos do município durante todo ano, com remuneração digna. Criar condições de subsistência das escolas, incentivando a realização de eventos e a construção de suas quadras. Apoiando os projetos culturais e sociais das escolas de samba.

10 – Como pensar em um processo de formação para trabalhadores do carnaval? (Aderecistas, ferreiros, costureiras e etc)
A atual gestão fechou o único curso técnico público de dança afro do país. Ele funcionava no MUCANE antes da pandemia e foi responsável pela formação de muitos bailarinos e coreógrafos que trabalham ativamente no carnaval de Vitória. Ainda são poucos profissionais em todas as áreas da produção e criação do carnaval que conseguem se sustentar durante todo o ano. E a formação tem que vir junto ao processo de profissionalização destas funções. Temos condições, mas precisamos de um projeto sério de crescimento do Carnaval de Vitória, para além dos interesses eleitoreiros, com maquete anunciada nas vésperas da eleição. O projeto que pense o desenvolvimento da festa de forma gradual e sustentável, aliando o fortalecimento econômico, mas principalmente ao compromisso com a cultura popular, com as comunidades, artistas e povo preto.

Carnaval Capixaba